As
atividades que constituem a rede de produção agropecuária em algumas regiões da
Amazônia brasileira, em especial, naquelas cuja expansão se deu nos últimos 30
anos, envolvem um contingente de trabalhadores composto, em geral, por homens,
que têm entre 13 e 40 anos de idade e que são recrutados por meio de contratos informais
e temporários, como é o caso dos pagamentos por “diárias” e “empreitas”. Esses
trabalhadores, cuja formação social se caracteriza por percursos de intensa mobilidade espacial, também circulam na construção
civil e nas redes de produção do carvão, da madeira e do garimpo, tanto nas
vilas e centros urbanos da região, quanto em outras partes do país e de países
vizinhos.
Desde
os anos 1960, essa expansão agropecuária condicionou formas específicas de
mobilização e imobilização da força de trabalho, bem como processos violentos
de expropriação de terras ocupadas por pequenos produtores, fatos esses que, na
maioria das vezes, foram tomados como expressões do atraso e qualificados como
maneiras arcaicas de expropriação e de superexploração que teriam lugar nos
rincões atrasados do país e que, portanto, seriam substituídos e/ou superados
pelo desenvolvimento econômico e social ou por uma intervenção estatal
qualificada.
Nos
últimos anos, a expansão das atividades industriais de mineração dirigidas pelo
grande capital, em especial, pela empresa Vale e associadas, tem mobilizado
contingentes populacionais significativos para algumas cidades e tem sido
anunciada como promotora do “desenvolvimento” local, na medida em que superaria
certas dinâmicas sociais presentes nas atividades antes economicamente
predominantes.
Neste
sentido, a comunicação: (1) analisa determinadas características dos processos
de proletarização em curso no campo brasileiro, em especial, em algumas regiões
da Amazônia Oriental em que houve recente expansão das atividades de mineração
industrial; (2) realiza análise inicial das implicações teóricas que tais
processos representam para as interpretações que consideram as relações de
superexploração do trabalho como expressões extemporâneas e superáveis através
da promoção do desenvolvimento do capitalismo; (3) realiza análise dos desafios
metodológicos que tal contingente de trabalhadores representa para a pesquisa
sócio-antropológica, em especial, para a devida compreensão das suas trajetórias
sociais e das atuais formas de acumulação de capital.
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